sexta-feira, 15 de junho de 2012
Yoga
Eu posso me confessar ser uma pessoa de fácil irritabilidade. Mas não por culpa minha, e sim por culpa do mundo. O mundo caiu, está de pernas para o ar. As coisas estão erradas, e por isso me irritam. Um bom exemplo que não só me irrita, mas também me entristece é de como as coisas andam banalizadas hoje em dia. Tudo virou moda, tudo virou motivo para status, tudo gira em torno do dinheiro. E essas coisas que foram banalizadas vão além do que agora é até clichê dizer que banalizou: músicas, o "eu te amo", e etc. São coisas reais. Coisas, na minha opinião, sagradas, e que não deveriam estar passando por isso. Estou me refirindo a um exemplo fundamental para esta postagem, a um dos amores da minha vida, um dos meus principais alicerces de sustentanção para a vida: o Yoga. Nos dias de hoje, o que percebo observando pessoas, lugares, e perfis em redes sociais é que virou moda fazer yoga. Pessoas que não sabem nem o real significado da sua palavra fazem yoga. Pessoas que não seguem a sua prática no cotidiano, e que contradizem tudo o que gira em torno da palavra e dos seus ensinamentos sagrados indianos. Práticas infundáveis estão sendo inventadas, qualquer um pode dar aulas de yoga, estão cobrando preços absurdos, e o que deveria ser o principal, que é o que o significado da palavra diz, ficou para trás. O principal agora é o corpo, fazem yoga para se tornarem flexíveis e tonificados, e é claro: para tirarem fotos das posições e postarem nas redes sociais. Está errado. Não é esse o principal. Ao menos, não é o que os antigos ensinamentos do Yoga tradicional nos dizem:
"Yoga, em sânscrito, pode ser traduzido como "união". A origem da palavra é o radical yuj, que significa "pôr cangalha êm", dedicar-se a uma tarefa com a disciplina de um boi. E a tarefa do yoga é encontrar união - entre mente e corpo, entre o indivíduo e o seu Deus, entre nossos pensamentos e a origem dos nossos pensamentos, entre professor e aluno, e até mesmo entre nós e nossos semelhantes. [...] No Ocidente, conhecemos o yoga sobretudo por meio de seus agora famosos exercícios para alongar o corpo, mas isso é apenas o Hatha Yoga, um dos ramos dessa filosofia. Os antigos desenvolveram essa filosofia não para deixar o corpo em forma, mas sim para soltar seus músculos e sua mente de modo a prepará-los para meditação. As posições consistem somente em "soltar os nós do corpo, para então poder soltar os nós da mente." [...]Yoga é o esforço que uma pessoa faz para vivenciar pessoalmente a sua divindade, e em seguida para sustentar essa experiência. Yoga é o domínio de si e o esforço dedicado a desviar a atenção de reflexões intermináveis sobre o passado e preocupações infindáveis com o futuro para, em vez disso, conseguir buscar um lugar de eterna presença, de onde se possa olhar com tranquilidade para si mesmo e para o mundo ao redor. Somente dessa perspectiva de equilíbrio da mente é que a verdadeira natureza do mundo (e de você próprio) lhe será revelada."
Yoga é união. É equilíbrio. "Ele queima todo o seu lixo, todas as suas emoções negativas". Trabalha os níveis da consciência humana através da meditação, trabalha os nossos sentimentos e as nossas emoções, e é como se abrisse os nossos olhos e mentes para um mundo completamente diferente do que estávamos acostumados a ver. É como se ele nos permitisse que "víssemos nossas vidas e até a nós mesmos do lado de fora, como um quadro na parede". Tudo isso, obviamente, se praticado com a tamanha dedicação que exige. Segunda a minha mestra de Yoga, que citou lindamente isto na prática da manhã chuvosa de hoje, "todos nós temos duas forças extremas dentro de nós: O Yin (o passivo, noturno, escuro e frio - Lua), e o Yang (o ativo, diurno, luminoso e quente - Sol). O yoga nos ajuda a encontrar o equilíbrio entre os dois extremos." O Yin dá origem ao Yang e o Yang dá origem ao Yin. E mais, nos possibilita que de acordo com a nossa memória, possamos "acionar" esse ponto de equilíbrio dentro de nós, sempre que quisermos. Mas, porém eu ainda me entristecendo com a banalização que as pessoas fizeram de algo tão lindo, sagrado e de tamanho poder purificador, tenho em mim a tranquilidade de uma consciência plena de que o real ensinamento vem para as pessoas certas, para as que merecem e para as que estão prontas para recebê-lo, no seu tempo certo. E é claro, agradecida por ser uma dessas pessoas, pois não sei o que seria da minha vida sem o Yoga, e por poder compartilhar isso aqui.
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